O QUE CABE NESTE PALCO 2005
A "Nata" de Alagoinhas se apresenta em Salvador



A Cia. Nata foi criada em 1998, por estudantes do Colégio Estadual Polivalente, na cidade de Alagoinhas. Logo em sua estréia, o grupo conquistou três troféus do I Festival de Teatro Estudantil, dentre os quais, o de melhor espetáculo, com O seco da seca. O sucesso se ampliou no segundo ano da premiação com a montagem Guarda-roupa íntimo, que arrebatou outros cinco troféus. A partir daí, a Nata seguiu investindo em suas pesquisas e pequenas produções, que passaram a ser apresentadas em escolas, centros comerciais e na Biblioteca Municipal. Em pouco tempo o trabalho do grupo cresceu e alcançou o palco do Centro Cultural de Alagoinhas e do I Festival de Inverno de Catu (BA). Além da produção de espetáculos, o grupo investe na realização de oficinas de teatro para iniciantes, com o objetivo de estimular o público a conhecer e se aproximar do teatro.Em 2004, através do contato estabelecido pelo projeto Teatro de Cabo a Rabo, promovido pelo Teatro Vila Velha com patrocínio da COELBA, o grupo teve a oportunidade de se apresentar na capital. Agora, no projeto O que Cabe Neste palco, o grupo consolida mais uma etapa de sua trajetória.

Nesta entrevista, a diretora teatral, Fernanda Júlia, fala um pouco sobre a carreira dA Cia. Nata e a proposta que o espetáculo põe em cena durante o mês de março.

Qual é a temática de Perfil?

Na verdade, Perfil não tem um tema específico. Nossa idéia é mostrar a versatilidade do grupo, fazendo um paralelo entre os estilos teatrais que trabalhamos. Usamos trechos do teatro clássico de Nelson Rodrigues, da estética regionalista Ariano Suassuna e a contemporaneidade urbana dos Melhores do Mundo (companhia teatral brasiliense). A peça é composta por esquetes e colagens que trazem nossas mensagens em suas transições.

Como foi o processo de criação da peça?

Selecionamos os textos de uma maneira que pudéssemos mostrar nossas maiores influências, de um modo que pudéssemos fazer uma homenagem a estes autores e evidenciar a identidade do grupo. Em seguida, fizemos oficinas para seleção de elenco e personagens, que foram seguidas por leituras dramáticas e ensaios. Tudo aconteceu em cerca de oito meses.

Então, neste espetáculo, vocês olham para seu próprio umbigo?

A Cia. Nata já tem mais de seis anos de história, por isso resolvemos fazer um apanhado dessa experiência para mostrar quem somos nós. Precisávamos valorizar o trabalho do próprio grupo, fazer um ?auto-marketing? lá em Alagoinhas, onde os artistas locais ainda são pouco reconhecidos.

E funcionou?

Sim. Desde a estréia tivemos um público bastante grande. Depois veio a participação no projeto Teatro de Cabo a Rabo (projeto do Teatro Vila Velha que promove intercâmbio entre artistas da capital e do interior da Bahia), que também nos abriu algumas portas e agora temos essa temporada no O que Cabe Neste Palco para mostrar nossa cara em Salvador.

Como você enxerga a cena teatral de Alagoinhas atualmente?

O teatro que fazemos em Alagoinhas ainda é muito intuitivo, não está muito preocupado com o esquema industrial, por isso não temos tanta pressão comercial e, conseqüentemente, temos mais liberdade. O nosso teatro tem uma estética mais ligada ao popular, que fala de uma realidade bem próxima, mas o que nos falta é apoio.

Qual é o papel da Cia. Nata neste cenário?

O Nata é um grupo comprometido com a busca constante por mudanças, no desenvolvimento de um trabalho versátil, procurando sempre fazer algo completamente diferente. Por mais plástico que seja nosso trabalho, pensamos sempre na questão da cidadania, fazer um alerta, estimular nossa própria consciência crítica e do público, mesmo no exagero ou quando fazemos piada. Junto com outros grupos, estamos fazendo uma campanha pela valorização do artista do interior. Queremos mostrar ao público e aos patrocinadores que nossos trabalhos têm qualidade, mas precisamos ser apoiados.

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