Desligar o celular?

"Pedimos a gentileza de desligarem os telefones celulares ou quaisquer aparelhos eletrônicos..."

Entre um assunto e outro de uma de nossas muitas reuniões, surgiu o assunto do celular; alguns fatos históricos, depoimentos cômicos e poucos relatos de constrangimento, também. É absolutamente necessário que os telefones celulares não toquem durante o espetáculo, por uma série de motivos bastante claros: incomoda os outros espectadores, é desrespeitoso com o público e com os atores, atrapalha o elenco, mas talvez o maior dano, seja que o toque do celular puxa as pessoas para fora da história; lembra a todos que estamos em um teatro, assistindo a uma encenação. Assim, fica muito mais difícil embarcar na viagem e acreditar na ilusão.

É diferente de uma tosse, um espirro ou um nariz fungando. É mais como jogar papel no chão, furar sinal vermelho. Desligar o celular não requer grande esforço ou habilidade. Os atributos exigidos são: bom-senso, audição (para ouvir Jarbas pedir que por gentileza desligue o aparelho) e um pouco de civilidade. Não muita. Um pouco, já basta.

Como bom-senso tem faltado, de maneira geral, no Vila, em cinemas e em outras platéias da Bahia, pensamos em mesnagens mais persuasivas, como:

"Nos reservamos o direito de maldizer eternamente aqueles que deixarem o celular tocar durante a apresentação deste espetáculo. Mau olhado, simpatias e feitiços malignos não estão descartados..."

ou

"Senhores espectadores, atrás dessa colchia, além de contra-regras e elenco, estão os mestres de capoeira e kung fu, Maneco e XJin Jao, que os perseguirão até as suas casas para fazer maldades de forma que pareça um acidente, no caso de ouvirem um celular tocar..."

ou ainda,

"Atenção: esta sala se auto-destruirá se alguma ligação de celular se completar durante o espetáculo..."

Japoneses já desenvolveram (mesmo) um bloqueador de sinal portátil (tô falando sério). Não acho que precisamos chegar a tanto.

É uma mera questão de hábito. Imagino que a maioria das pessoas que recebem ligações durante espetáculos, tenha esquecido o celular ligado, por falta de hábito de desligar. Como os motoristas que esquecem de colocar o cinto de segurança logo que entram no carro, mas lembram alguns metros à frente. Infelizmente, já ouvi depoimentos de pessoas que "simplesmente não podem desligar o telefone". Imagino como deve ser difícil namorar, ou tomar banho, para essas pessoas. O celular pode tocar enquanto escovam os dentes!

Minha opinião particular é que pessoas tão importantes são importantes demais para fazer coisas em conjunto. Fica a título de sugestão para quem estiver esperando o resultado do teste de paternidade, resultados de seleção de emprego ou a resolução de conflitos amorosos, colocar o celular no silencioso e resolver a pendenga logo que o espetáculo acabar. Ou, se o impasse for gravíssimo, deixa para ir ao teatro outro dia.

Camilo Fróes

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