No Fórum: Garantia de projetos cidadãos


O público compareceu e pôde conferir gratuitamente a mesa de abertura e apresentações


A abertura, hoje, segunda-feira, do fórum, no veterano Teatro Vila Velha, em Salvador, não foi marcado por discursos ou as costumeiras ironias culturais brasileiras. Os 5 personagens que compuseram a mesa de abertura do evento ? Juca Ferreira, secretário Executivo do ministério da Cultura; o ator Antonio Grassi, presidente da FUNARTE; o professor Ubiratan Castro, presidente da Fundação Palmares (patrocinadores do evento); Márcio Meirelles, diretor do teatro e do Bando de Teatro Olodum e o ator Hilton Cobra, fundador da Cia.dos Comuns do Rio de Janeiro, criaram uma forte parceria de unanimidade de intenções.

A platéia, composta por dezenas de representantes de grupos de dança e de teatro negro de quase 20 estados brasileiros, os maiores interessados em que a conjuntura entre projetos, produção e execução tenham o tão esperado equilíbrio dentro do poder público, preparou-se para uma série de oficinas e discussão: em pauta, o destino da prática cultural negra num país onde a cultura negra é a base e, felizmente, uma contundente força imemorial.

?Nos assustamos ao chegar ao Governo, disse Juca Ferreira, porque descobrimos que 80% das verbas oficiais iam para o eixo Rio-São Paulo. Hoje, felizmente, a partir das orientações do ministro Gil, na firme opção de fazermos um trabalho para o cidadão, a situação é outra, e bem melhor. Nossa orientação, desde o começo, foi abrir todas as possibilidades de parceria no provimento à produção artística de todos os estados brasileiros?.

Para Antonio Grassi o papel da Funarte, com toda a sutileza no momento em que o ministério da Cultura teve que ser arrumado, absorver planejamentos e preparar-se para uma ação objetiva, com começo, meio e fim, já começa a aparecer, principalmente por conta das atitudes que se toma a partir das câmaras setoriais das artes. ?A FUNARTE, hoje, é uma ponte na interlocução entre o produtor e o nosso maior foco: o cidadão brasileiro?, afirmou.

Historiador, o presidente da Fundação Palmares, Ubiratan Castro, abordou os aspectos políticos que envolvem a cultura brasileira, rejeitando a idéia compacta de uma globalização consensual, que termina por excluir, exterminar e azedar tudo aquilo que é mais caro a um país e, no caso, ao Brasil, que são nossas raízes, nossas tradições, a cultura autentica popular. ?Não é possível aceitar a imposição neo-liberal em nome do consumismo geral. Nos importa a identidade e a diversidade de nossa cultura?, enfatizou Ubiratan Castro.

O maior esforço nas propostas dos organizadores Hilton Cobra e Márcio Meirelles, concentra-se no chamamento para uma melhor distribuição dos interesses das políticas públicas para as artes negras, independentemente da localidade de onde ela venha. ?Quero conclamar as autoridades do fomento cultural para que, ainda neste Governo, formatem em definitivo e publiquem o edital com as normas e todas as possibilidades para a dança e o teatro negro em nosso país?, sugeriu Cobra. Juca Ferreira demonstrou excepcional afirmativa no sentido de empenhar-se, juntamente com o colegiado do ministério, para realizar o sonho dos artistas negros.

No final da manhã, depois dos debates, das perguntas e respostas, a primeira bailarina negra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Dona Mercedes Batista, foi homenageada pelo conjunto do seu trabalho em prol da dança, da coreografia e da cultura negra brasileira.

Fernando Coelho

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