Todos os santos

Por Mino Carta, postado às 18h26 do 18/07/2007 em seu blog

Acabo de voltar de Salvador, lá convocado para uma palestra sobre Mídia e Educação. Platéia de quatrocentas pessoas em um teatro encantador, o Vila Velha, me lembrou o Globe de William Shakespeare. Mais de uma centena em outro local do teatro, para assistir via telão. Mestre de cerimônias, deus-ex-machina do evento, o deputado Zilton Rocha, figura notável de educador e político. Fiquei comovido com a generosidade, a fidalguia, diria mesmo carinho, da recepção. E com o êxito de CartaCapital em Salvador. E com a presença de tantos jovens, mais ou menos dois terços do público. Espero não tê-los decepcionado, mas disse que, na minha opinião, jornalista não se confunde com professor, ao menos na acepção tradicional. Nem por isso deixa de contribuir decisivamente para a informação e a formação da sociedade civil quando exerce a profissão com a consciência da tarefa e o necessário senso de responsabilidade para levá-la a cabo. E com a honestidade de quem sabe ser fiel sempre e sempre à verdade factual, e exerce desabridamente o espírito crítico, e não treme do poder e o fiscaliza onde quer que se manifeste. Isso tudo apoiado pelo talento, habilitado a conferir ao jornalismo a dimensão de uma arte. Não é difícil aprender os fundamentos, difícil, muito difícil, no Brasil, é praticar a profissão com honradez, à sombra de patrões medievais. Zilton Rocha contou com a perfeita assessoria de um jovem que atende pelo nome de Charles Darwin, filho de um ferroviário que admirava personagens da história. E Charles desfiou meu currículo para a platéia na hora da apresentação, sem omitir, entre as publicações que dirigi, Quatro Rodas, que, aliás, foi a primeira, nascida nos meus anos verdolengos. Charles Darwin teve a bondade de não acrescentar que não sei dirigir carro e que tenho dificuldade em distinguir um Volks de uma Mercedes.

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Foto: Rita Tavares

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