O VILA FALA

Em respeito aos funcionários, artistas residentes, público, classe artística, apoiadores e patrocinadores da cultura, o Teatro Vila Velha vem a público se manifestar. Desde a mudança do governo do estado para as mãos de um partido de esquerda, instalou-se uma agitação natural na sociedade baiana, fruto de expectativas, anseios e incertezas diante da perspectiva de, após duas décadas inteiras, termos novas configurações no cenário político pelos próximos quatro anos. Não podia ser diferente na área da Cultura, já tão cotidianamente tensionada entre poder público, artistas e população. Desta forma, é perfeitamente compreensível o foco crítico acerca da nomeação do diretor teatral Marcio Meirelles para a Secretaria Estadual da Cultura, levando em consideração que há mais de dez anos integrava o corpo de gestores do Teatro Vila Velha.

Assim que assumiu o cargo público, conforme mandam as leis e a ética, Marcio Meirelles abdicou de suas atividades referentes à administração do Vila. Sua nomeação foi justamente o reconhecimento do valor de sua atuação enquanto gestor neste espaço cultural. Neste momento, a equipe do Teatro Vila Velha enxergou um acerto da equipe do Governo Estadual, ao mesmo tempo em que sentiu o impacto da saída de uma peça importante em sua engrenagem. O Vila seguiu sendo gerido coletivamente por um grupo de artistas, como vinha sendo nos últimos anos, fato que muitas pessoas ignoram ou preferem não tomar conhecimento, tendo atribuído recorrentemente à figura de Marcio a direção geral do espaço. O desligamento provocado por sua nova situação, contudo, não significa que o Secretário deva fechar os olhos para as realizações do Teatro que, assim como todo espaço de produção cultural, merece respeito e atenção de qualquer indivíduo que esteja ocupando o cargo, da mesma forma como ocorria na gestão anterior, com o senhor Paulo Gaudenzi. Por outro lado, permanecemos atentos com relação à atuação da Secretaria, adotando a postura vigilante e propositiva que cabe a todo cidadão.

No atual momento, entre as críticas, divergências políticas e ideológicas, que vêm sendo colocadas publica e legitimamente contra a Secretaria, aparecem também ataques pessoais que envolvem idéias equivocadas a respeito do Teatro Vila Velha e sua relação política com a Secretaria de Cultura. Queremos deixar claro aqui alguns pontos polêmicos que vêm sendo levantados em diversos veículos por pessoas que, por motivos diversos, vêm emitindo opiniões com base em informações truncadas e que não condizem com a realidade. Em nosso entendimento, um problema grave, uma vez que levanta suspeitas sobre a conduta ética das pessoas que trabalham ou trabalharam pela revitalização e manutenção deste espaço cultural, que há mais de 40 anos vem servindo ao público e aos artistas baianos.

O Teatro Vila Velha, com mais de uma centena de artistas trabalhando em seis grupos residentes e cerca de 30 funcionários, produz e recebe espetáculos de teatro, dança, música e multi-linguagem, sedia e fomenta discussões sobre políticas culturais e temas de relevância social, promove atividades educativas para artistas e público, desenvolve uma política diferenciada de formação de platéia e realiza intercâmbio cultural com outros estados, o exterior e dentro da própria Bahia. São essas ações que dão respaldo aos projetos apresentados nas diversas instâncias governamentais que, felizmente, têm reconhecido o valor deste trabalho. A relevância artística e social do papel que o Vila vem desempenhando desde a sua fundação, em 1964, é o estandarte que eleva o nome desta casa perante a esfera do poder público, conseguindo o apoio e a simpatia de diferentes governantes, independente de ideologia ou partido político, ao longo de sua história. Isso, contudo, não elimina os percalços e ansiedades dos processos seletivos, nem as muitas negativas que se acumulam no caminho e podem inviabilizar alguns projetos.

O Teatro Vila Velha sempre se relacionou com o Estado. Isso é natural. Qualquer instituição séria, privada ou pública, tem obrigação de fazê-lo. O Estado deve ser um dos agentes - talvez o maior deles - no fomento à cultura. No final dos anos 50, o terreno onde está o Vila hoje foi doado aos artistas da Sociedade Teatro dos Novos pelo Governo Estadual, o que mostra uma relação que é antiga e imprescindível. O que a Sol Movimento da Cena fez nos anos 90 com o projeto Novo Vila, promovendo a ocupação artística e a reforma que devolveram o Vila Velha à sociedade baiana, contando com patrocínio do Governo Estadual e Federal, apoio de outros artistas e do público, tem a mesma relevância. Sempre com reverência e respeito à Sociedade dos Novos, que fundou esta casa, ao longo dos últimos 13 anos, os artistas que compõe a Sol construíram uma nova fase da história do Teatro Vila Velha. E vêm, por meio de uma gestão coletiva baseada no comprometimento com a cultura enquanto fator de transformação social, realizando um esforço contínuo para mantê-lo de pé e na ativa, gestando inovações, absorvendo e emanando influências no cenário cultural brasileiro.

Portanto, o Teatro Vila Velha, um espaço privado que é reconhecido como de utilidade pública em virtude de suas atividades, sempre recebeu o apoio de recursos públicos através de leis de incentivo, fundos e convênios, como tantas outras iniciativas particulares que desenvolvem projetos no setor cultural. Como tal, presta contas aos órgãos municipais, estaduais e federais, nunca tendo ficado em situação de inadimplência perante estes. Da mesma maneira, seguindo o princípio de que deve satisfações à sociedade, cujos impostos bancam de fato o investimento em Cultura, o Teatro Vila Velha adota uma política de transparência, elaborando relatórios anuais, entregues aos patrocinadores, imprensa e que estão disponíveis para o público, de modo que suas contas podem ser verificadas em qualquer ocasião que se fizer necessário. Estes fatos, porém, lamentavelmente, jamais alcançaram os holofotes da mídia como vem ocorrendo com a recente onda de informações discrepantes.


COLEGIADO DO TEATRO VILA VELHA
Chica Carelli, Cristina Castro, Débora Landim, Fábio Espírito Santo, Gordo Neto, Gustavo Libório, Jarbas Bittencourt, Jeudy Aragão, Márcia Menezes, Marísia Motta, Vinício de Oliveira Oliveira

Comentários

  1. A importância do TVV pra cultura da Bahia é indiscutível. Nos últimos anos isso tem tomado novo fôlego, através dos trabalhos de excelente nível que vêm sendo desenvolvido pelos grupos residentes. Destaco também a atuação do colegiado, formado por pessoas de idoneidade reconhecida, competentes e criativas; que vêm administrando com pulso forte essa casa, que todos nós, admiradores, passaram a tomar como sua! O restante, não merece comentário.
    O SOL DO VILA VAI CONTINUAR A BRILHAR CADA VEZ MAIS

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  2. Anônimo3/9/07 08:24

    Olá vcs novos dirigentes do Vila,

    Li e dei o maior ponto a esse esclarecimento. De forma alguma o Vila pode ficar de as mãos atadas numa situação com essa.

    Para que essa casa continue oferecendo a sociedade ótimos espetáculos e outros afins deve procurar meios que possibilite isso. Vcs focaram uma arma poderosissima, a MÍDIA. Pode contar comigo.

    Att,

    Aldo R Morais

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  3. Anônimo3/9/07 08:24

    Muito Obrigado!!!!!!!!!!!
    O teatro é um dos poucos espaços que viabiliza um teatro transformador e formador, pois através das suas várias atividades possibilita uma infinidade de pessoas poderem atuar nas diversas áreas, tanto desenvolvendo as atividades como recebendo-as.

    O teatro Vila Velha é formado por pessoas e pessoas de caráter e que exercitam a sua dignidade de fazerem um bom trabalho ao alcance de muitas pessoas das mais variadas vertentes artísticas, sociais, políticas e educacionais.

    Posso inumerar mil qualidades do Teatro Vila Velha.
    Mas acho que nós(sou vila, velho no coração), devemos continuar a fazer o que sempre fazemos um bom trabalho.
    E a resposta é o interesse do público pelo nosso teatro e nossas atividades.

    Muito Obrigado, Vila Velha

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  4. Anônimo3/9/07 08:25

    Parabens VILA .

    Sou frequentador assiduo desse espaço e espero que tudo isso sejam
    esclarecidos da melhor forma possivel .

    Nunca vou deixar que qualquer fato acabem com a reputação do VILA . Sempre
    vou defender.

    Adoro o Vila ,já fui aluno e sei que essa instituição é seria e que merece
    todo o nosso respeito .

    VAMOS EM FRENTE

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  5. Anônimo3/9/07 08:26

    É isso que eu chamo de inveja, pois não há outra palavra para explicar o que está acontecendo ai com voces, eu como artista que passei por este espaço e com certeza passarei outras vezes me solidarizo com voces na defesa deste espaço que tanto amo e respeito. Joguem duro na imbecilidade e idiotice que atualmente faz ou sempre fez a cabeça dos mediocres que não entendem nada de arte e cultura ! e não sabem nada da historia deste teatro e nem da historia artistica do secretário de cultura Márcio Meirelles !

    Meeeeeeeeeeeerdaaaaaaaaaaaa !!!!!!!

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  6. Anônimo3/9/07 08:27

    Oi, galera,

    o bicho tá pegando por aí, né? Não há de ser nada, não. Estamos no lado dos justos.

    Muito bom texto, claro, preciso.
    Vou repassar.

    Um beijo e axé,
    Iara.

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  7. Anônimo3/9/07 09:15

    Caros amigos do Vila,

    Estamos acompanhando todo trabalho do governo do estado e as discussões que vêm ocorrendo em relação à administração, principalmente no que tange à secretaria de cultura.

    Manifestamos nossos votos de apoio ao teatro Vila Velha, por fomentar a discussão, por se posicionar claramente, por tudo que representa, produz e fomenta. "Só as árvores que dão frutos são são apedrejadas, para que seus frutos caiam, as inférteis são esquecidas"

    Saudações interioranas
    Cia de Teatro Nata
    Alagoinhas-Ba

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  8. Anônimo3/9/07 09:54

    Caros Amigos do Colegiado do Vila Velha:

    Recebam de coração este apoio neste momento de tantas mudanças positivas e
    tantos equívocos naturais de um exercício de democracia e cidadania ainda
    pouco desenvolvidos dentro da nossa sociedade!

    O importante é o diálogo, a transparência e continuar caminhando com fé na
    boa fé!

    O Vila Fala, Faz, Reflete e Acontece. Muitos aplausos e algumas vaias pelo
    meio... A platéia é soberana mas nem sempre lúcida. Os artistas são feitos
    de luz mas nem sempre claros. O povo é o poder, mas nem sempre justo. Faz
    parte.

    E com arte se chega em toda parte. É tão difícil ser artista e gestor da
    coisa pública. Mas com boa fé se consegue e vcs estão conseguindo!

    Venho militando diariamente pela BOA FÉ, ou seja, ACREDITAR até provem o
    contrário. No Brasil desacreditamos de saída. Acho que esta mazela está na
    base de muitas outras e é profundamente arraigada no âmbito coletivo.

    Boa sorte e Bravo!
    Nadja

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  9. Anônimo4/9/07 18:00

    Pois é, meus caros amigos do Vila.

    É, no mínimo, lamentável ver que nessa terra a mesquinharia e a perversidade ainda imprimem sua marca nos espaços midiáticos. Ainda há uma gente tacanha e nefasta que, irresponsavelmente, fala de mais, talvez, "por não ter nada a dizer"... e simplesmente não consegue aplaudir o sucesso e a competência de quem enriquece nossa cultura baiana.

    Quando deixaremos de ser província, 'Senhor Deus dos desgraçados?! Dizei-me vós, Senhor Deus!'

    Como disse certa vez nosso ministro Gil, "Democracia também é difícil!"

    Mas, navegar é preciso!

    Abraço museológico,

    Valdemar Lima.

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