Marcela é Bella*



Cantora baiana se apresenta no Vila e arranca aplausos da plateia

Para quem pensou que a greve dos rodoviários e a chuva iam atrapalhar o show de Marcela Bellas no Teatro Vila Velha, se enganou. A cantora brilhou no projeto Vila da Música e recebeu uma plateia formada por jovens e pessoas da terceira idade. Antes do espetáculo, até a própria Marcela estava apreensiva: “A minha expectativa é muito boa, mas essa greve pode atrapalhar um pouco”. A previsão de Marcela não se confirmou. Muitos fãs compareceram ao Vila para prestigiar o show.


A bióloga Caroline Bomfim, de 25 anos, que já tinha visto o show de Marcela numa outra ocasião, tinha boas expectativas sobre a apresentação. “Marcela é uma artista nova no cenário baiano, que tem toda uma identidade. Eu gosto do som dela e resolvi apostar mais uma vez”. A cabeleireira Néa Barbosa, de 31 anos, gosta tanto de Marcela que já elegeu uma música como predileta: “Eu gosto muito de Me leve, pela música e pela forma que a voz dela é exposta. Marcela é única no cenário baiano. Achei no YouTube e compartilhei com os meus amigos. Fiquei surpresa com o som diferenciado que ela faz”, elogiou.   


Acompanhada dos músicos Ricardo Hardmann (bateria), Larriri Vasconcelos (baixo) e Gabriel Dominguez (guitarra), Marcela abriu o show com Mas que nada, conhecida canção de Jorge Ben Jor. Em seguida, saudou o público. “Fiquei agoniada com a greve de ônibus, mas a gente não pode parar tudo a cada greve que acontece na cidade. Ter vocês aqui é muito importante. Eu sou otimista e espero que vocês se divirtam”. 


No repertório, canções de artistas já consagrados como Nando Reis (All Star), Los Hermanos (Retrato pra Iaiá), Moraes Moreira (Bloco do Prazer, que ela regravou no álbum “Será que Caetano vai gostar?”), Baby Consuelo (Telúrica) e sucessos próprios como Que tal, Alto do Coqueirinho e Me leve. Ao interpretar Tantinho, de Carlinhos Brown, a cantora mostrou toda a sua peculiaridade, deixando a canção ainda melhor. Aliás, isso fica muito evidente no trabalho de Marcela. Ela traz identidade às músicas que interpreta e isso a torna singular.


Soraia Drummond e Myss Blecaute
O show contou com as participações especiais de Soraia Drummond e Myss Blecaute. A performance de Myss com Marcela provocou alvoroço no público. Enquanto a anfitriã cantava I Miss Her (que, na sua versão, ganhou arranjos muito próximos do pagode feito na Bahia), do Olodum, a convidada, lembrando um rapper, falava sobre a origem e significados da palavra brown (brau).


Marcela aproveitou o show para apresentar a música Orai, composta “por causa da atual situação de Salvador, que está mal cuidada”, declarou a artista. No final do show, as críticas eram positivas. “Gosto muito dela porque a voz me passa sinceridade. As letras são simples, mas com sentimento bem verdadeiro. Mesmo com os problemas técnicos, o show foi incrível”, afirmou o professor Fernando Siso, de 37 anos.


Marcela Bella
Desde que lançou o EP Leve, em 2006, Marcela tem recebido muitos elogios do público e da crítica especializada. Antenada com o universo musical, ela sabe usar as influências que recebeu durante a vida e isso resulta numa música só dela. Ao vê-la cantar músicas conhecidas, em nenhum momento o público vê outro artista. É só Marcela.Cheia de personalidade, intensa e à vontade. O sobrenome da artista não é somente artístico. É nome de batismo mesmo. Por um erro do cartório, o “s” foi acrescentado. O que era Bella se transformou em Bellas. Com sua voz doce, suave e marcante, Marcela é bela em todos os sentidos.


*Texto de Raulino Santos-Cerqueira Junior.
**Fotos: Lígia Rizério

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