MunDança: diversidade da música negra no palco do Vila


A cantora Larissa Luz apresentou ontem, no Teatro Vila Velha, o show de lançamento do seu primeiro trabalho solo, o CD MunDança. Acompanhada pelos músicos Tiago Aziz (baixo), Israel Jabá (teclados), Dedé Cara de Lápis (percussão), Pedro Itan (guitarra) e o DJ Mauro Telefunksoul, a intérprete fez um show bastante eclético, onde mostrou várias vertentes da música negra.

Com cenografia assinada por Duardo Costa, o palco que recebeu Larissa estava repleto de caixas de papelão com o nome dela impresso. Obviamente, as caixas simulavam uma mudança e faziam referência direta ao sugestivo nome do CD da cantora. E Larissa entrou em cena decretando: “O nome do disco é MunDança e eu não quero ninguém sentado. Levanta todo mundo! Não começo com ninguém sentado”. A plateia, formada por admiradores, amigos e familiares (a mãe da artista, Regina Luz, e a avó, Maria Regina, estavam presentes no show) atendeu ao pedido e balançou ao som de Trança . “Que energia boa eu estou sentindo. Fico muito feliz em poder apresentar um disco que é tão eu”, declarou Larissa ao final da primeira música.

Com pleno domínio de palco e apresentando uma performance em que a linguagem teatral ficava explícita, a cantora mostrou ao público uma mistura de ritmos que revelava a sua raiz musical. Axé, hip hop, soul music, samba-reggae, MPB e pagode fizeram todo mundo dançar. A “mundança” aconteceu. Todos os arranjos tinham a música eletrônica como pano de fundo. Do novo CD, além de Trança, o público conferiu Filha de Oyá, Soultão Negro, Só Jah, Química e Descontrole. Antes de cantar Jambo, Larissa chamou ao palco a Sanbone Pagode Orquestra, do maestro Hugo San. A Sanbone participou da gravação da música no CD e surpreendeu a todos ao entrar pela plateia, mostrando o suingue do pagode baiano.

Apesar de ser o show oficial de lançamento de seu primeiro CD, Larissa não deixou de cantar músicas de outros artistas. Nesse sentido, foi ovacionada ao cantar Adão Negro, canção do grupo de reggae de mesmo nome capitaneado por Serginho (que, inclusive, estava na plateia). No bloco de samba-reggae, a artista cantou músicas do Ilê Aiyê e de Daniela Mercury. Ao falar do Ara Ketu, banda da qual fez parte até meados deste ano, Larissa demonstrou respeito: “Sou muito feliz por ter participado do Ara Ketu, um grupo que eu respeito muito. Eu trouxe muita coisa boa de lá também”, finalizou. De todo o show, duas performances se destacaram: Larissa cantando Respeitem Meus Cabelos, Brancos, de Chico César; e quando a artista tocou surdo durante a música Deus do Fogo e da Justiça.

A cantora do Olodum, Nadjane Souza, 31 anos, assistiu ao show de Larissa e achou a artista mais à vontade no palco. “Eu gostei de tudo. Ela está mais solta, mais despojada. A mistura de hip hop com coisas da Bahia ficou muito bacana. É a cara dela”, elogiou. “Acho bacana Larissa mostrar o quanto a música da Bahia é diversa. O show teve muito ritmo e diálogo com a música eletrônica. Tem o som daqui, mas muito misturado com a música do mundo”, declarou o cantor e guitarrista Enio (da Enio e a Maloca). O produtor artístico Andrezão Simões, 46 anos, falou sobre a riqueza musical de Larissa. “Adorei a atitude de Larissa e a riqueza musical que ela traz”, pontuou.

Texto: Raulino Júnior

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